- SENTIMENTOS DE UM FILHO ADOTIVO Á SUA MÃE
"Eu sei, mãe, que por um capricho do destino, ou simples desejo Divino não foi em seu ventre que me formei. Quis a vida que eu fosse escolhido não pelo acaso, mas pelos próprios caminhos apontados por Deus.
Eu sei que a primeira vez que você me sentiu mexer foi em seus braços e não em seu ventre. Mas...mãe! Há algo mais forte que os laços de sangue: são os laços do coração, aqueles que por uma razão inexplicável nos ligam para sempre a uma outra pessoa. Assim eu nasci,não da sua barriga, mas do seu ser.
E você me acolheu com braços quentes, co mo se eu fosse carne da sua carne. Me pôs contra seu peito e eu pude ouvir a voz do seu coração me acalmava me dizendo para não ter medo, que eu encontrei um lar.
Você me devolveu a dignidade de ser chamado de filho e a honra de ter uma verdadeira mãe, exatamente como deve ser...
Mãe não só é aquela que põe no mundo, mas aquela que, vivendo ao nosso lado, nos prepara para enfrentar o mundo. Aquela que cura a dor com beijos e se alegra quando nosso coração se alegra. Talvez você não tenha me dado a vida, mas deu certamente uma razão para viver...
Deus sabia, mamãe, que você era o anjo na medida exata para fazer a minha felicidade. Te amo!"
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Por que eu te amo?
Quando te vi, pequenina, enrolada em panos, não pensei em nada. meu mundo ficou em silencio. Sem buzinas de automóveis, sem prazos de trabalhos a cumprir, sem aqueles pensamentos insistentes, invasores, que assolam a mente das pessoas. Nada. Minha vaidade, minhas economias, minha carreira, minha “qualquer outra coisa”, tudo se calou em silêncio arrebatador. Todas as pressões das coisas urgentes e importantes, as atitudes imperiosas, as conquistas sonhadas, nada me surgiu…foi como se tudo isso nunca tivesse existido. Não havia nada ali naquele momento além de você, mulata, pequena, diante dos meus olhos, me provocando o maior silêncio que já ouvido por um mortal.
Nosso primeiro abraço foi comprometedor: cerquei você com meus braços, erguendo-os com a intenção das muralhas protetoras de uma cidade medieval, te enlaçando por um instante de forma tão intensa que seria possível a qualquer laboratório identificar que nosso DNA era o mesmo. Se não o DNA do sangue, com certeza o DNA da alma. A qualquer um era possível ver que aquele homem moreno claro, e aquela menina africana eram parte de um grande plano genial e generoso do Criador: eram pai e filha. É um afeto instantâneo e imenso, incomensurável, que faz e desfaz do nosso antigo ser.
Assim, calando minhas fraquezas e desfazendo a correria da vida, você me apareceu. Pronto. Como manter uma coerência com aqueles grandes objetivos profissionais? Como continuar obedecendo à lógica daquela ambição desmedida? Todos os compromissos e valores já construídos ruíram sob uma nova modalidade de sentimento, um sentimento renovador e carismático, que me arrebatou de forma acachapante. Eu não era mais a mesma pessoa de segundos atrás. Estava em paz e feliz.
Talvez as pessoas não entendam esse meu amor por você. Não se pode atribuir algo tão puro às práticas humanas, sempre matizadas pelos interesses mundanos. Nem mesmo às boas ações dos homens, bafejadas pelo altruísmo caridoso. Nada disso nos pertence. Aliás, nós dois sabemos que amor não se explica. Amor se sente. Não há caridade que justifique o amor, mas é o amor que a justifica. E aceito, por amor e caridade, tanto faz, as beijocas que você guarda para mim no fim do dia, como prêmio maior pelas lutas que empreendi.
Quisera eu, querida, que todas as pessoas pudessem saborear esse sentimento: amar alguém que não foi gerada por mim, que não me perpetua com traços físicos semelhantes, que não tem o “sangue do meu sangue”, e que permite que a jazida de afeto que trago em meu peito seja explorada e canalizada para um bem-querer. Sim, sentir amor por um filho adotivo me permite realizar algo maravilhoso: alguém que se torna fundamental em minha vida, com quem construo uma relação de amor no cotidiano, este ser especial que eu nunca teria tido a capacidade biológica de gerar!
Enfim é isto: eu jamais teria gerado você, meu anjo. Se dependesse da minha essência animal, limitada e finita, que vai virar pó, eu nunca teria me transformado eu seu pai. O que me habilitou para esta missão foi minha crença profunda e inabalável que o amor de Deus não tem limites e não se submete a tipologias, não se prende com amarras sociais ou raciais. É por isso que te amo, além, obviamente, destes olhos negros e amendoados, que me sorriem, um pouquinho antes de dormir.
então eu acho que é por isto que te amo tanto meus filhos.
porque hoje já não tenho só uma mas sim três!
três que não são sanguineos mas ,são do dna saido simplismente do meu coração.
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